Doa para campanha política quem pode lucrar com isso depois.
Ao que tudo indica, não haverá financiamento público de campanha eleitoral tão cedo. Se não haverá, de onde sairá o dinheiro que elegerá novos prefeitos, em 2012? Nossos cidadãos aprenderão, até lá, a eleger candidatos de poucas posses que, via de regra, são os melhores? Dificilmente. Então, o que fazer?
Estamos diante de um grande dilema que o sistema eleitoral nos impõe. Por um lado, queremos candidatos honrados, que tenham um projeto político coerente, por outro, sabemos por experiência própria e recente que, em nossa região, honestidade e projetos não bastam para convencer o povo. Pelo menos quando se trata de eleger prefeitos, é assim. Além disso, estamos longe das doações espontâneas de cidadãos comuns que costumam investir em bons projetos a fundo perdido, em alguns lugares do mundo moderno.
Por aqui, o que conta é a barganha. Doa para campanha política quem pode lucrar com isso depois, e estes doadores costumam desconsiderar completamente o que seja improbidade administrativa, chegando alguns a pensarem que uma gestão pública no interior ainda se faz de forma improvisada, como no passado, repartindo polpudas entre apoiadores frações de dinheiro público ou colocando o patrimônio do município a serviço de aliados políticos.
O leitor pode verificar, aí em sua cidade, se não é verdade que alguns empresários ou comerciantes sólidos já estão sondando os ventos políticos para ver de que lado se posicionam. Os menos tradicionais, em matéria de grupo, com certeza apoiarão as pré-candidaturas que lhes parecerem mais capazes de cair nas graças do povão. Eles sabem que se trata de um investimento de risco e que é melhor arriscar ao lado de quem tem mais chance de vencer, por ter a máquina pública já em mãos, ou pelo capital político suposto.
Como faz falta um José de Alencar nestes nossos municípios saqueados pelas históricas aves de rapina do poder! Nossos empreendedores locais precisam aprender do eterno vice-presidente da República a apostar em candidaturas discriminadas como foi a do presidente Lula, tantas vezes acusado de incompetência, até conseguir a confiança da classe empresarial e provar que sabia governar para todas as classes do país. O Brasil deve ao saudoso empresário mineiro essa conciliação necessária entre abastados e pobres, mesmo que a pobreza necessite de muito mais atenção ainda.
Aqui, no interior, deveria ser a mesma coisa. Os empreendedores locais deveriam encarar uma doação de campanha para candidatos íntegros como um gesto de responsabilidade social, afinal ajudar a construir bons governos é um investimento lícito, a longo prazo, e explico: Um município bem governado põe sua economia nos trilhos, gera divisas, atrai investimentos, todos ganham, de maneira decente.
Por quererem ganhar tudo de uma só vez, com tanto olho gordo, à custa do erário público, muitos de nossos empresários terminam ajudando a afundar as bases de seu próprio mercado consumidor, na medida em que não colaboram para o desenvolvimento autêntico de sua região. Pensam antes de tudo em si mesmos, como de resto costuma fazer o ser humano, em geral. A diferença é que uns refletem sobre isso, outros não têm limite para a própria ambição.
A militância dos projetos políticos alternativos, portanto, precisa começar a pensar urgentemente sobre esses fatos, caso contrário, as eleições de 2012 já estarão no papo e serão prontamente vencidas por quem apresentar os carros de som mais potentes, o marketing melhor elaborado, as promessas mais convincentes, os melhores preços por voto. Há muito tempo que funciona assim e não deve mudar apenas porque temos Dilma e Wagner governando. Ou se lança mão de estratégias de enfraquecimento de correntes políticas ultrapassadas em suas práticas, ou vai se desperdiçar tempo e energias em cansativas atividades incapazes de colher os resultados esperados.
Os pontos fracos das administrações públicas que devem ser superadas estão aí, à vista de todos. É preciso saber explorá-los e aproveitar o momento favorável em que as pessoas começam a acordar, no mundo inteiro. Quem possui autênticos projetos de poder-serviço não pode desanimar, mas precisa estar consciente da dimensão de sua empreitada, que será tanto mais leve quanto mais articulada for com todos os setores da sociedade. Fora disso, o resultado é temerário.
Por: José Avelange
http://www.calilanoticias.com/2011/04/quem-vai-financiar-os-novos-prefeitos.html
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