DIÁRIO DA MANHÃ - GO
VERGONHA DE SENTIR VERGONHA
Sinto-me impotente e com vergonha de ser brasileiro.
Vergonha dos poderes constituídos, onde prevalece a ganância, a irresponsabilidade e o individualismo.
Vergonha de um executivo que mutila a Constituição, a seu bel-prazer, em nome de um povo que ele não respeita, principalmente, àquele segmento de pessoas em fim de trajetória e que foram vilipendiadas em seus proventos.
Vergonha de um Legislativo que só encontra tempo para prestar homenagens e para aprovar aumentos de impostos e de seus salários, deixando em segundo plano assuntos mais relevantes, como a reforma do Código Penal, para dar guarida a muitos de seus pares – tudo dentro da lei.
Vergonha de um Judiciário que absolve bandidos e corruptos, por falta de provas e pune inocentes – tudo dentro da lei.
Vergonha de uma polícia que protege bandidos e de uma sociedade hipócrita , que pede paz pela porta da frente e sustenta traficantes pela porta dos fundos.
Vergonha de um ensino onde proliferam faculdades incapazes, que despejam no mercado de trabalho jovens que mal sabem sobrescritar um envelope, quanto mais redigir uma carta.
Vergonha de uma saúde pública que permite que pessoas humildes, mesmo nos grandes centros, sofram numa fila ou em cima de uma cama, aguardando assistência.
Vergonha de uma imprensa que se diz imparcial, mas que é tendenciosa e que se omite diante dos problemas e clamores do povo.
Vergonha de um povo eufórico que se ufana por tudo menos por seu país, que tudo aceita e se acomoda, incapaz de reivindicar seus direitos, somente o fazendo por meio de baderna e não como cidadãos conscientes, mas sem a mínima educação e princípios de convivência em coletividade.
Vergonha dos seguidores das múltiplas religiões, que só sabem falar de Deus mas não com Deus, por seus atos e ações e o que já foi transformado num grande veio comercial.
Vergonha pela máscara na face que muitos teimam em manter, tendo que conviver com tanta indiferença e displicência.
E finalmente, vergonha por ter que sentir vergonha de tanta realidade incontestável.
João Roberto Gullino
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