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sexta-feira, 18 de março de 2011

Jacuipenses na rua: “Nós também podemos”

Desde a histórica eleição de Barak Obama, nos Estados Unidos, uma das frases mais famosas no mundo todo é “sim, nós podemos” e esta frase bem poderia ser adaptada para um município como o nosso em que a população poderia dizer: “Sim, nós também podemos”.
Ao se mobilizar pela soltura de um agropecuarista idoso, preso por transportar um vaso de leite, ao se concentrar em frente à Câmara Municipal e depois junto ao Fórum, dezenas de cidadãos e cidadãs sinalizam com uma possibilidade há muito tempo esperada pelos jacuipenses antenados nas mudanças positivas das sociedades contemporâneas.
Com isso, o que se incentiva não é a mera agitação popular ou qualquer tipo de atentado contra a ordem pública, senão a liberdade de expressão e o exercício pleno da cidadania, que pode se dar de forma pacífica e com resultados benéficos para o amadurecimento da democracia local, hoje tão combalida pela cooptação de pessoas e veículos de comunicação, em benefício de correntes políticas continuistas e bastante marcadas pela improbidade ou pela superficialidade na defesa do interesse coletivo.
Historicamente, o fazer político em Riachão do Jacuípe é prejudicado por uma certa imaturidade de agentes públicos e seus apoiadores que não aceitam a crítica, que procuram encontrar um meio de desqualificar o pensamento crítico, tentando inserir no mesmo lamaçal todas as pessoas que tomam parte na discussão dos principais problemas que dizem respeito ao município. Assim, formam-se os times e começam a lançar impropérios, uns contra os outros, para mostrar que são rigorosamente iguais em seus equívocos e que, se todos erram, ninguém pode criticar ninguém. Pura falta de reflexão.
A cada crítica que escrevo, recebo em meus endereços eletrônicos desesperadas tentativas daquilo que chamam de “pishing”, na linguagem moderna dos computadores, e-mails desaforados e ofensivos de gente que defende o status quo. Enquanto essa imaturidade persistir, não poderemos crescer. A crítica não soa agradável a ninguém, mas é desagradável também pensar que um governo que se deseja sério tenha apoiadores de primeira fila que sejam capazes de fazer defesas tão mesquinhas, tão famigeradas, em busca de desqualificar aqueles que ousam levantar a voz, num cidade acostumada a permitir desmandos e vaidades de gestores com déficit de formação para a cidadania e os valores universais.
Por tudo isso, o ensaio de manifestação popular pela soltura do senhor Raimundo do Leite pode ser o ensaio de maturidade e de liberdade de um povo que precisa fazer inexoravelmente esta descoberta: “Sim, nós também podemos”. Podemos eleger, mas também podemos rechaçar atitudes de eleitos que, por infelicidade, terminam usando as facilidades do cargo muito mais em benefício próprio do que da coletividade, a ponto de se mostrarem ausentes nos momentos de maior necessidade da população.

José Avelange
http://www.riachao.com/modules.php?name=Colunistas&coluna=93

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