A comunicadora Alana Adrielle, ex-Rádio Gazeta FM, diz ter  recebido do prefeito de Riachão do Jacuipe, Lauro Falcão, propostas  “indecentes” para deixar de apresentar o Programa “Hora da Verdade” e  permanecer em seu grupo político. Ela gravou tudo. 
Confira adiante detalhes da conversa e uma entrevista feita por Laura Ferreira, correspondente deste Portal. 
Na  entrevista, para não “perder” Alana Adrielle, o Prefeito acaba  revelando como funciona o esquema de abuso de poder econômico que exerce  no comando da Prefeitura de Riachão e a influência sobre a Rádio Gazeta  FM, de concessão Comunitária.  De acordo com a comunicadora, na gravação, o prefeito, bem à vontade,  fala de sua pretensão com os meios de comunicação como sites, blogs,  sobretudo com a radiodifusão, revelando a sua pretensão em um dia  comprar a Rádio Jacuípe e conseguir aquisição de uma TV Comunitária. 
Segundo  Adrielle, na conversa, o prefeito comete alguns crimes, como o de  improbidade administrativa, quando promete a nomeação retroativa para a  comunicadora. Na gravação sua fala, assim procede: “... Vou precisar te  nomear como Assessora de Imprensa da prefeitura pra você me ajudar...  vou voltar aquela cota de combustível...  te  nomear lá tudo direitinho pra não ter esse negócio de a gente tá pagando  por fora todo mês... eu vou até mandar lhe nomear com data retroativa,  viu? Porque agora, eu tirei todas as gratificações dos servidores  efetivos, aí como a gente tem aquele compromisso de quatrocentos reais  que é para pagar a prestação do teu carro, eu vou fazer uma nomeação no  valor de oitocentos tá certo?... lá pra janeiro/fevereiro que mudar de  endereço que esfriar isso aí, a gente volta com teu programa. 
Alana  revela que, na conversa, o prefeito antecipa o resultado das eleições  para a Presidência da Câmara Municipal, quando a data da gravação é no  dia 08 de novembro, fala que irá pedir ajuda da Câmara ao futuro  presidente, o conhecido Juninho, que ainda seria eleito só em dezembro  de 2010: E assim segue sua fala: “... Como ele também vai ser presidente  da Câmara, você já pode unir o útil ao agradável, posso pedir a ele  para lhe dar uma ajuda via Câmara...”
Para  Alana, de acordo com o áudio da gravação, o prefeito viola a Legislação  de Radiodifusão Comunitária, quando deixa claro que está tentando em  Brasília mudar a Rádio Comunitária Gazeta FM de local: “Eu preciso dessa  concessão rápida, essa mudança rápida, porque Alberto Luiz tá me  causando muitos problemas. Primeiro ele bota aquele carro na garagem,  você não tem um trânsito normal para entrar, agora quer me cobrar R$  600,00 de aluguel por mês, não fazia parte do nosso compromisso agora tá  querendo me cobrar....”
Sendo assim, o prefeito Lauro Falcão, de acordo com essas informações, revela que de fato é o articulador e se comporta como dono da Rádio,  ou como quem a comprou, pois aos 07:56 minutos de gravação, ela diz que  ele reforça seu interesse pela mesma: “...A minha preocupação é que a  gente acabe tendo ela fechada, e aí o projeto que se tem no futuro...eu  tenho vontade de um dia ser deputado”...
A entrevista
Além  das informações acima, segue a entrevista na íntegra, via email e por  telefone, concedida pela comunicadora Alana Adrielle à jornalista Laura  Ferreira, em exclusividade para o Portal Interior da Bahia. Confira: 
Interior da Bahia - Como, quando e por que aconteceu a sua demissão?
Alana:  Minha demissão aconteceu no dia 08/11/2010, jamais irei esquecer este  dia, eu estava em casa, de saída para buscar a pauta do jornal deste dia  que era uma segunda-feira. Foi quando recebi uma ligação via celular do  prefeito Lauro Falcão pedindo que suspendesse tudo que estava fazendo e  fosse imediatamente para o Hospital Municipal, onde o mesmo me  aguardava para uma conversa. Já desconfiada, pois por várias vezes  passei por constrangimentos junto ao grupo do atual gestor, preparei um  gravador para a tal “conversa”. O que não foi minha surpresa ao ouvir do  mesmo que era pra eu me afastar da Rádio Gazeta e o meu jornal, que era  veiculado de meio-dia às 13h30, seria suspenso por tempo indeterminado,  talvez em março após uma construção de uma nova sede para  a Rádio eu  voltaria ao ar. Mas claro que gato escaldado tem medo de água fria e  logo percebi que era uma manobra de vingança, por eu ter passado a agir  de forma coerente com o Estatuto de Radiodifusão Comunitária, algo que  ia contra os interesses políticos encobertos pela Emissora, que culminou  com as críticas feitas pelo povo a um Secretário do Governo Municipal.
Interior da Bahia: Por que o Prefeito Lauro Falcão lhe demitiu, ao invés do diretor da Rádio fazer isso?
Alana:  Acredito que foi pela questão de que eu fazia parte do grupo dele,  politicamente, sendo assim ele achou que eu seria manipulada, por ele  ser concunhado do diretor da Gazeta, pois a irmã da esposa dele é casada  com o diretor Alexandre Giffone. Por isso, acho que foi uma forma de  “tapear”, me oferecendo um cargo na Prefeitura. Ele achou que ele mesmo  falando comigo seria mais tranquilo, pelo fato de que eu gostava muito  dele, tinha verdadeira adoração, mas nunca imaginava ser traída desta  forma tão mesquinha por conta de um pedido de um Secretário que se  sentiu ofendido com uma matéria de meu jornal e pediu a ele minha cabeça  e ele a deu de bandeja.
Interior da Bahia: Qual o vínculo do prefeito com a Rádio Gazeta FM? 
Alana:  Ele é concunhado do atual diretor, ou seja, a mulher dele é irmã da  esposa do diretor, e por isso ele tem certa influência na emissora, como  por exemplo, quando ia ao meu jornal dar entrevistas, o telefone,  mensagens de celular e também o horário, eram sempre manipulados.
Lembro  de uma vez que ele foi dar uma entrevista que passou trinta minutos do  horário final do jornal, ou seja, de uma e meia da tarde o jornal acabou  às duas da tarde, e ao sair muitas pessoas vinham pra frente da rádio  pra pedir coisas a ele, ficava cheia de gente a porta da emissora.
Interior da Bahia: Na gravação o prefeito lhe faz algumas propostas, você pode especificá-las?
Alana:  De inicio eu iria para a Prefeitura e seria nomeada Assessora de  Comunicação, junto com a atual Tina Oliveira. Só que eu iria fazer  trabalhos nas ruas, e o foco principal seria bairros onde estariam em  andamento obras municipais. O mais absurdo disso foi o pedido que me foi  feito, que estas matérias seriam levadas ao ar no seu programa político  da Radio Jacuípe, mas com uma condição, que as partes em que se falasse  mal seriam omitidas, e eu passaria a receber R$ 400,00 e voltaria a  receber uma cota semanal de gasolina, a mesma havia sido suspensa há  dois meses sem maiores explicações.
Interior da Bahia: Você  disse em entrevista que o prefeito revela precisar muito da Rádio  Gazeta FM, registrada como Comunitária. Na sua opinião, como ele se  serve da Rádio?
Alana:  Como forma de defendê-lo e promovê-lo, pois ele pretende ser candidato a  Deputado nas eleições de 2014. Chegou até a dizer que pretende tirar  DRT pra radialista, pra quê eu não sei. E mais, as obras de construção  da nova sede da rádio, vizinha a atual, é ele quem está praticamente  custeando, só não sei como, mas o prefeito tem dado uma boa ajuda nesta  construção.
Interior da Bahia: No  início de nossa entrevista você afirmou que todo mês ia na casa do  prefeito receber das mãos dele pelo programa “Jornal Hora da Verdade” o  valor de R$ 300,00. O pagamento dos outros funcionários era realizado  assim também? 
Alana:  Dos outros eu não tenho certeza nem provas, mas alguns deles, se não  todos, recebem algo do prefeito também, além das comissões de apoios  culturais que na verdade são propagandas comerciais disfarçadas.
Interior da Bahia: Além do salário de R$ 300,00 o prefeito abastecia seu automóvel? Como era registrado esse pagamento em combustível?
Alana:  É verdade, toda semana eu ia até o pai dele, o senhor João da Goméia,  que é responsável pelos tickets de combustível, ele me passava a  quantidade que era de 20 litros de gasolina. Quando eu não encontrava  ele, ia para o Posto designado, o Posto Águia, e ligava no seu celular,  então ele, via celular, autorizava o frentista a abastecer meu carro.
Interior da Bahia: Na rádio existem programas pagos? Quais são  eles?
Alana:  Segundo o que eu via nas reuniões, tem sim, e as propagandas chamadas  de “Apoio Cultural” é feita mediante contrato e ao pagar o comerciante  recebe das mãos do locutor um recibo, com timbre da radio e tudo. O que  eu tenho mais certeza é do programa religioso das manhãs de domingo,  apresentado pelo pastor Samuel. Os comentários internos são de que ele  paga o valor de R$ 80,00 mensais por ir ao ar por quatro domingos ao  mês. Certa vez, por não cumprir com este pagamento no prazo, ficou  suspenso de ir ao ar, e gerou uma confusão grande lá na  emissora internamente. O pastor Samuel, na época, eu soube que ele foi  impedido de entrar na rádio e de apresentar o programa, e esta ordem  teria partido do diretor por não ter constado ainda o pagamento daquele  mês. 
Interior da Bahia: Com  base na Legislação de Radiodifusão Comunitárias, todos os pensamentos  políticos ou religiosos existentes em uma comunidade devem ser  convocados pela própria emissora para participarem da programação, e  esse espaço jamais deve ser cobrado. Por que você, que esteve por tanto  tempo na rádio, nunca deu espaço a outros partidos políticos  além  dos  aliados do prefeito?
Alana: Tentei  algumas vezes dar este espaço, mas, era barrada por alguns colegas e  pela direção, certa vez o vereador José Nivaldo (Ninho) foi dar uma  entrevista, após o jornal fui chamada ao escritório do JB Comercial,  comércio do sogro do prefeito, o senhor Zé Vódio, onde trabalha o  diretor Alexandre Giffone, e fui radicalmente chamada atenção. O mesmo  disse que nenhum grupo de oposição ou outro que fosse fazer críticas a  atual administração não poderia estar falando nos microfones da Radio  Gazeta. Chegou até ser citada a frase “pessoas que são contra a gente,  contra nosso grupo” não poderia ir até a Rádio Gazeta dar entrevistas.  Uma certa vez até briguei e discuti por querer levar ao Jornal o  vereador Carlos Matos, fui severamente podada e cheguei a ficar uma  semana sem poder fazer o Jornal, que na época era apresentado por mim e  outra locutora. A mesma ficou fazendo o jornal até minha volta, na  semana seguinte, foi quando mudamos o formato e eu passei a apresentar  sozinha.
Interior da Bahia: Você chegou a propor isso para o diretor?
Alana:  Sim, mas ele não aceitava, era irredutível quanto a isso, e por algumas  vezes antes de entrar no ar eu recebia ligações em meu celular  indicando que algum fato político tinha acontecido, e de que forma era  pra comentar no Jornal, se fosse a favor do prefeito era pra elogiar,  levantar e por lá em cima. Se fosse algo negativo era pra abafar, se  fosse algo de negativo da oposição era pra descer a madeira, esculachar,  se fosse positivo pra oposição, era também para calar e sequer  comentar.
Interior da Bahia: Sendo assim, quais eram de fato as recomendações do prefeito sobre a sua atuação, já que você não era livre?
Alana:  Era sempre o de evitar falar de problemas do município, só era pra  falar de um esgoto entupido, uma lâmpada queimada, um calçamento  defeituoso, só, e mais nada. Problemas de grande proporção como o  Ginásio de Esportes abandonado, as obras que nunca acabam, como o  Matadouro Municipal e a Barragem e etc, não eram para serem mencionadas.  Mas eu não concordava, e por ser teimosa passei de forma discreta a  abrir espaço, na verdade dei uma de “Bocão” e aí foi quando gerou todo  aquele comentário em torno do Secretario de obras que vinha fazendo um  péssimo serviço, o mesmo foi até o prefeito e pediu minha demissão da  emissora. O prefeito mentiu pra mim, fato que me deixou ainda mais  chateada, pois ele disse que o motivo de meu “afastamento temporário”  seria ações geradas pelos Mobilizadores Sociais e o Vereador Carlos  Matos, tudo mentira, pois eu fui até a ANATEL em Salvador e descobri que  na verdade não existe nenhuma denúncia lá. Agora sim, depois de minha  demissão que estão vendo as irregularidades expostas aí pra quem quiser  ver, pois até cego vê, aí sim, agora viram muitos processos, espero que  no final de tudo isso, a diretoria da Associação mude, e a Rádio Gazeta  Fm  passe realmente a ser imparcial e Comunitária e  mais ainda de todos os jacuipenses como deve ser. Agradeço desde já a  oportunidade de dar esta entrevista e estarei sempre à disposição.
Entrevista concedida no dia 27 de janeiro à jornalista Laura Ferreira para o Portal Interior da Bahia.

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