Em nosso comentário de hoje, vamos falar de um surpreendente filme brasileiro que acaba de ser indicado a melhor documentário no Oscar deste ano. “Lixo extraordinário”, sob direção de Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley, mostra a relação de três anos que se estabeleceu entre o artista plástico Vik Muniz e os catadores do lixão que deram ao artista os objetos usados em suas imagens. Após dois meses retratando o aterro sanitário, Muniz contratou cerca de dez catadores para montar as imagens, num galpão nos subúrbios do Rio.
Para além da questão da arte como instrumento de transformação social ou mesmo a questão da educação ambiental pela sustentabilidade do planeta, surpreende aqui a relação do próprio artista com o grupo de catadores do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, o maior aterro sanitário do mundo. Mais do que uma relação de filantropia de mais um projeto de assistência social, mais do que uma relação trabalhista entre o empregador e seus colaboradores, temos aqui uma relação de associativismo e empreendedorismo, onde há um contrato de interesses clara e objetivamente colocado desde o primeiro contato. Uma relação que resgata o próprio princípio do saudável capitalismo, transformando o que seriam apenas atores e artistas em plenos cidadãos!
A diferença é que o artista investiu seu capital intelectual e afetivo no processo de coautoria e da criação coletiva. E por isso pode até mesmo tomar outro rumo e liberar seus colaboradores para outras escolhas, deixando-os autosustentáveis e independentes do trabalho conjunto. Enquanto uma acaba montando um restaurante, outro estrutura a associação. Uma outra quer abrir um salão, e o outro funda a biblioteca comunitária. E assim por diante, tomam seus rumos livres e dignos em sua plena consciência de cidadania.
Da parte de uma cidadania ambiental e sustentável, o filme deveria passar em todas as escolas públicas para mostrar que o lixo na verdade não existe. Ou vira adubo a partir da matéria orgânica processada. Ou vira sucata para transformação artística. Ou vira material reciclado para a própria indústria. Hoje o Brasil é um dos países de maior capacidade de reciclagem no mundo graças à organização dos catadores que, por sua vez, já é uma dos maiores representações de trabalhadores do país.
Vik Muniz, por sua vez, é um dos maiores e mais reconhecidos artistas plásticos no panorama das artes contemporâneas do mundo. A sua grande contribuição foi a de estabelecer uma relação de pertinência entre os elementos materiais com que compunha a imagem projetada da fotografia com o sentido da própria imagem. Nada mais coerente, pois, do que compor de lixo ou sucata, imagens de gente como catadores resgatados do próprio lixão a que foram condenados. Uma grande lição de arte de um grande artista brasileiro que desponta para a notoriedade de um Portinari, de um Niemeyer ou de um Glauber. Uma grande lição de cidadania e da arte como educação para a cidadania.
Um grande e imperdível documentário que nos revela a verdadeira função social da arte para além do assistencialismo social!
Para além da questão da arte como instrumento de transformação social ou mesmo a questão da educação ambiental pela sustentabilidade do planeta, surpreende aqui a relação do próprio artista com o grupo de catadores do Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, o maior aterro sanitário do mundo. Mais do que uma relação de filantropia de mais um projeto de assistência social, mais do que uma relação trabalhista entre o empregador e seus colaboradores, temos aqui uma relação de associativismo e empreendedorismo, onde há um contrato de interesses clara e objetivamente colocado desde o primeiro contato. Uma relação que resgata o próprio princípio do saudável capitalismo, transformando o que seriam apenas atores e artistas em plenos cidadãos!
A diferença é que o artista investiu seu capital intelectual e afetivo no processo de coautoria e da criação coletiva. E por isso pode até mesmo tomar outro rumo e liberar seus colaboradores para outras escolhas, deixando-os autosustentáveis e independentes do trabalho conjunto. Enquanto uma acaba montando um restaurante, outro estrutura a associação. Uma outra quer abrir um salão, e o outro funda a biblioteca comunitária. E assim por diante, tomam seus rumos livres e dignos em sua plena consciência de cidadania.
Da parte de uma cidadania ambiental e sustentável, o filme deveria passar em todas as escolas públicas para mostrar que o lixo na verdade não existe. Ou vira adubo a partir da matéria orgânica processada. Ou vira sucata para transformação artística. Ou vira material reciclado para a própria indústria. Hoje o Brasil é um dos países de maior capacidade de reciclagem no mundo graças à organização dos catadores que, por sua vez, já é uma dos maiores representações de trabalhadores do país.
Vik Muniz, por sua vez, é um dos maiores e mais reconhecidos artistas plásticos no panorama das artes contemporâneas do mundo. A sua grande contribuição foi a de estabelecer uma relação de pertinência entre os elementos materiais com que compunha a imagem projetada da fotografia com o sentido da própria imagem. Nada mais coerente, pois, do que compor de lixo ou sucata, imagens de gente como catadores resgatados do próprio lixão a que foram condenados. Uma grande lição de arte de um grande artista brasileiro que desponta para a notoriedade de um Portinari, de um Niemeyer ou de um Glauber. Uma grande lição de cidadania e da arte como educação para a cidadania.
Um grande e imperdível documentário que nos revela a verdadeira função social da arte para além do assistencialismo social!
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